sábado, 12 de maio de 2012
Perdão
Que Deus me perdoe
Mas o mundo é triste
Eu não sei desde quando
Até as coisinhas bonitas
Tem algo de feio
Um lado que espeta
Como a própia rosa.
Que Deus me perdoe
E há de perdoar
De eu não acreditar
Que flor só dá perfume
Que amor é só gozar.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O Sujeito
PARTE-1
O sujeito está indignado. Indignado por não entender de onde vem tanta vontade de se ver livre de um cotidiano bem resolvido. Talvez seja esse o problema, o bem resolvido, talvez não exista prêmios pra quem tem a vida bem resolvida. Talvez ele deva se entregar as problemáticas de uma viajem.
PARTE-2
As arvores passam como pinturas. Toda aquela paisagem verde, comestível, enche os olhos do sujeito. As vaquinhas brancas sendo encolhidas pela distância, tudo muito engraçado.
Está o sujeito no interior paulista. O cheiro do interior paulista faz-lhe bem e destino não há. Há porem vontade, muita vontade de se dar bem, de estacionar a motocicleta no momento exato de felicidade, no momento em que se olha pro céu e não se vê nada além do própio sorriso.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
Cena de família - 1891
Era tarde, os pássaros assobiavam e Lúcia se calava. Aos poucos entendia que sua falação era inútil.
Na noite anterior, sua avó, mãe de seu pai, se entregara à morte. A sala de música morrera junto, levando toda a alegria que a velha extraia do piano.
Lúcia olhou suas irmãs distraídas, sua mãe calada, e por fim seu pai que transbordava melancolia, então chorou, conseguindo finalmente a atenção desejada.
Na noite anterior, sua avó, mãe de seu pai, se entregara à morte. A sala de música morrera junto, levando toda a alegria que a velha extraia do piano.
Lúcia olhou suas irmãs distraídas, sua mãe calada, e por fim seu pai que transbordava melancolia, então chorou, conseguindo finalmente a atenção desejada.
sexta-feira, 16 de março de 2012
2010
O orgulho briga diariamente com a vergonha,
ambos querem ser o que sinto pela vida e sua humanidade.
Enquanto não se decidem eu continuo confuso,
o que pode ser bom ou ruim
dependendo apenas do meu humor, o juíz do jogo.
ambos querem ser o que sinto pela vida e sua humanidade.
Enquanto não se decidem eu continuo confuso,
o que pode ser bom ou ruim
dependendo apenas do meu humor, o juíz do jogo.
quarta-feira, 7 de março de 2012
2009
Não tenha
grandes idéias
elas podem
te matar
ou pior
podem elas
te viver
pra pensar
no mundo
que desfalecido
lhe fará
estranho por isso
por pensar assim.
Então não tenha
Boas idéias.
grandes idéias
elas podem
te matar
ou pior
podem elas
te viver
pra pensar
no mundo
que desfalecido
lhe fará
estranho por isso
por pensar assim.
Então não tenha
Boas idéias.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Um andarilho as 2:30 da manhã
Fiquei tão tonto que por um momento achei que o céu nublado fosse a terra, e a terra escura fosse o céu. Achei que cada lâmpada fosse uma estrela, e a lua, simplesmente não havia.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Copinho brasileiro
Ubaldo não tinha emprego, não tinha família perto, e nem tinha o que fazer em suas férias que já duravam mais de um semestre, no entanto, conseguia com muito esforço completar algumas obras.
Sua vida se resumia em acordar, lavar o rosto, comer biscoitos secos com leite fervido e ir pro papel. Seus papéis se resumiam em aquarelas escuras de água turva, onde poucos rostos se escondiam entre seios sempre encobertos por muita, muita tinta.
Depois do almoço ele tirava a rolha com os dentes, como um pirata faz, mas parava subitamente, e com gestos elegantes despejava sua cachaça sobre um copinho miserável.
A tragédia começou. Ubaldo mecanicamente pegou seu pincel e mecanicamente o molhou na água, molhou na tinta, molhou no papel, molhou na água, molhou na tinta, e, de repente!... Molhou no copinho.
Sua vida se resumia em acordar, lavar o rosto, comer biscoitos secos com leite fervido e ir pro papel. Seus papéis se resumiam em aquarelas escuras de água turva, onde poucos rostos se escondiam entre seios sempre encobertos por muita, muita tinta.
Depois do almoço ele tirava a rolha com os dentes, como um pirata faz, mas parava subitamente, e com gestos elegantes despejava sua cachaça sobre um copinho miserável.
A tragédia começou. Ubaldo mecanicamente pegou seu pincel e mecanicamente o molhou na água, molhou na tinta, molhou no papel, molhou na água, molhou na tinta, e, de repente!... Molhou no copinho.
Assinar:
Postagens (Atom)